"TUDO na ponta do nariz..."

É um dos livros mais bonitos que guardo na estante e que acho que deveriam existir em todas as casas. Lá dentro contam-se historias tristes transformadas em alegria, está cheio de imagens que fazem esquecer o quanto agressivos são os tratamentos nas crianças. Mas porque é um livro rico em optimismo gosto de o folhear sabendo que há projectos como este que valem a pena.


Há uns 7 anos, a propósito de trabalho de responsabilidade social fui conhecer o a Operação Nariz Vermelho, ou os Drs. Palhaços como queiram. À porta do IPO encontramos a Beatriz Quintella e lembro-me como se fosse hoje. Senhora de sorriso fácil, não escondia um sotaque brasileiro e transmitia uma energia tão boaaaaa, tão empática... falou imenso, explicou-nos tudo entrou em detalhe em alguns exemplos de casos para percebermos o trabalho deles mesmo antes de entrarmos. E entrámos no IPO... senti enorme choque confesso... meninos & meninas que enchiam quartos, mães sentadas a par com a cama passando ali os dias e contando os minutos, tubos e soros por todo o lado, a ausência de cor (e cabelos) nos seus rostos... uma sala de espera com PAIS tristes, amargurados & esperançados... e hoje (agora mãe) olhando para esse momento ainda me custa mais, não imagino a amargura diária que um pai possa viver ali... MAS, a título especial e sabendo que nos manteriamos afastadas, íamos mesmo era acompanhar os Drs Palhaços...
e senti ali uma enorme diferença, uns que já os conheciam e para outros a novidade dos palhaços, as reações foram sendo diferentes mas na verdade foi-se espalhando alegria, recolhendo sorrisos e interação. Houve batas brancas mas tambem houve o nariz vermelho, a música e as macaquices daqueles senhores que sabiam como chegar lá... e porque este trabalho não é só feito para as crianças, espalhou-se esperança e melhor disposição naqueles corações de pais...





 Vim de lá tão emocionada na certeza de que associações como esta devem mesmo existir, mesmo sabendo que não distribuem pão ou abrigos, mas espalham tanto amor, chegam tão lá dentro... E a Beatriz, mulher de garra, optimista e sonhadora faláva-nos sobre isto mesmo, a necessidade de chegar a mais IPO's, a necessidade de mais profissionais de narizes vermelhos a espalharem boas energias no meio daqueles tratamentos...

Ao saber que faleceu a Beatriz, voltei a pegar no livro (que folheio com muita frequencia)... porque me sinto feliz de a ter conhecido e de ela ter tido e montado este trabalho fabuloso...

porque RIR pode ser (não) ser o melhor remédio mas neste caso pode ajudar...